quarta-feira, 11 de julho de 2007

O Avarento ou A Última Festa – Comédia em Cinco Actos

No passado domingo (8 de Julho) a Gatinha e o Miau decidiram ir ao teatro. Escolheram a peça (O Avarento ou a Última Festa), entram no seu “Catmobile” e numa viagem hiper-sónica chegaram ao seu destino ou seja ao Teatro Nacional São João (para os mais desatentos este belo edifício situa-se na cidade do Porto).

"«O Avarento ou A Última Festa – Comédia em Cinco Actos» resulta da combinação de dois factores: em primeiro lugar, Ricardo Pais convidou o Teatro Praga a realizar uma co-produção com o Teatro Nacional São João; em segundo, José Maria Vieira Mendes propôs à companhia interpretar a sua versão do clássico «O Avarento», de Molière.

A combinação surtiu efeito e entre o dia 27 de Junho a 8 de Julho que o Teatro Praga esteve em cena no TNSJ (Teatro Nacional São João), com «O Avarento ou A Última Festa – Comédia em Cinco Actos», nesta que é a sua estreia em termos de companhia no Porto, e que parte da reescrita que o dramaturgo português fez de uma das últimas comédias de Molière. Uma versão “livre e esquiva (leia-se: insolente)” de um daqueles textos teatrais considerados canónicos, mas que surpreende pela contemporaneidade visível na linguagem textual, no espaço cénico e no próprio elenco. De Molière e do século XVII, são poucas as frases ditas pois, segundo o actor Pedro Penim (o forreta Arpagão), o dramaturgo “faz pilhagens de outros textos, alguns dos quais estão bem identificados [«Édipo» de Sófocles, «Os Irmãos Karamazov» de Dostoiévski ou Dom Dinis e a Cantiga de Amigo - Ai flores, ai flores do verde pino], em paralelo, com uma linguagem muito actual, de 2007”, onde não faltam alusões à crise económica mundial, às taxas de juro cobradas pelos bancos, ao desemprego, à União Europeia, aos impostos... e tudo num diálogo, por vezes, “insolente, rápido, agressivo, violento e também poético”.


Nesta construção da escrita, a participação dos actores da companhia ficou-se por “sugestões residuais”, como fez saber Patrícia Silva, que em palco veste a personagem de Mariana (amor de Cleanto ‘Romeu Runa’, filho de Arpagão), ao que Cláudia Jardim (‘Elísia, filha de Arpagão’) acrescenta: “digamos que fomos cobaias e isso notou-se no terceiro acto, onde o Zé foi escrevendo à medida que íamos trabalhando a personagem”. Também ao nível do cenário, as intervenções são maioritariamente de Vieira Mendes e, uma vez mais, assentam em elementos actuais que descrevem os locais inerentes à história, como a casa de Arpagão e de Mariana, o jardim ou a oficina do engenheiro Maleiro, pretendente de Elísia, interpretado pelo actor Marcello Urgeghe. Não falta por isso um Citroën 2 cavalos de cor laranja, onde no vidro da frente figura um calendário típico das oficinas, um túmulo que reporta à ausência da mãe, a casota de um cão, o quarto decorado com posters de celebridades do cinema e outras, bem como a constante passagem de imagens de filmes projectadas numa tela, um sofá prostrado em frente ao televisor ou ainda uma mesa antiga que acolhe um sistema de som, cuja banda sonora alternativa impõe, em determinadas alturas da acção, uma pausa no diálogo. Nesta versão “livre e esquiva”, as diferenças geracionais que são o motor da intriga em Molière acabam por estar na mesma geração, uma vez que a dicotomia velho/novo só é perceptível pela distribuição das personagens, dada a jovialidade do elenco.

«O Avarento ou A Última Festa – Comédia em Cinco Actos» vem assim no seguimento da trilogia que José Maria Vieira Mendes tem feito sobre as relações entre pais e filhos, a temática do conflito que pode ou não ser geracional. O leque de personagens fica completo com D. Alzira, mãe de Mariana, interpretada pelas actrizes Paula Diogo/Sofia Ferrão; Anselmo, o criado de sete ofícios, pelo actor Rogério Nuno Costa e Varela, o preceptor de Elísia e Cleanto. Nesta co-produção com o Teatro Nacional São João, Vieira Mendes voltou a seduzir o Teatro Praga com um novo texto, depois do espectáculo «Super-Gorila», de 2005. Um desafio que só poderia ser interpretado por esta companhia, que se distingue pela desconstrução que faz das convenções teatrais. As próximas apresentações estão agendadas para Janeiro de 2008, no Convento da Saudação, em Montemor-o-Novo, nos dias 4 e 5, e no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, de 11 a 19, respectivamente."

In “O Primeiro de Janeiro” versão digital


Em seguida o Miau e a fantástica Gatinha decidiram percorrer a Rua Santa Catarina, mergulhando na cavernosa "FNAC", procurando por preciosos manuscritos e afins. Esta maravilhosa saga terminou com uma bela "francesinha" no Capa Negra II.

Se valeu a pena???

Tenho pena de quem perdeu "O Avarento ou A Última Festa – Comédia em Cinco Actos".